Comportamento humano.
Situações socialmente relevantes que envolvem interações estratégicas entre as pessoas são muito comuns. Exemplos dessas interações incluem dilemas sociais em que o indivíduo enfrenta um conflito para decidir entre o interesse pessoal e o interesse coletivo.
Pesquisadores espanhóis e italianos estudaram o comportamento de pessoas de diferentes idades, níveis educacionais e status sociais diante de uma variedade de situações virtuais que exigiram escolhas estratégicas. A pesquisa envolveu 541 pessoas que voluntariamente aceitaram participar de quatro jogos diádicos: dilema dos prisioneiros (prisoner’s dilemma), caça ao veado (stag-hunt), gavião-pomba (hawk-dove) e harmonia (harmony).
A análise da atuação dos voluntários nos jogos permitiu aos autores concluir que todos os indivíduos podem ser enquadrados em um número limitado de fenótipos comportamentais: invejoso (30% da população), pessimista (21% da população), otimista (20% da população), confiante (17% da população) e indefinido (12% da população).
O invejoso é um tipo de pessoa essencialmente competitiva, que sempre visa superar o outro. Ele não é cooperativo quando sente algum risco de ficar com recompensa menor do que a de outros. Otimistas e pessimistas são indivíduos que não se preocupam com o desempenho dos outros. Eles escolhem em suas vidas diárias estratégias sociais centradas nos próprios egos. O confiante é um indivíduo que se comporta sistematicamente de forma socialmente cooperativa. Já o indefinido é um indivíduo imprevisível que apresenta um comportamento errático, ora se enquadrando em um dos fenótipos, ora em outro.
A identificação desses fenótipos comportamentais básicos certamente contribuirá enormemente para o estudo do comportamento humano em situações sociais reais e poderá trazer implicações na formulação de políticas sociais e econômicas da vida real. Poderá ser aplicado, por exemplo, na construção de cenários de decisões políticas e em gestão de instituições e empresas.
Além disso, a pesquisa abriu relevantes linhas de investigação para o futuro. Por exemplo, a pesquisa apontou que a classificação fenotípica é independente de idade e de gênero. Enquanto a falta de dependência de gênero é razoável, é surpreendente que as crianças exibam comportamentos com classificação semelhante à dos adultos.
Claudio Macedo
Doutor em Física. Divulgador de Ciência. Professor da Universidade Federal de Sergipe (1976-2016). Escreve sobre Temas Variados da Ciência no Saense. https://saense.com.br/